quinta-feira, 2 de outubro de 2008

"O Amor" segundo Pedro Paixao

Todos nós sabemos o que é ter medo. Todos nós temos ambições e sofremos desilusões. Todos vivemos de preocupações que se vão sucedendo. Todos sabemos que a vida não se repete e que para todos, todos os que estamos ali naquele preciso momento, por exemplo, mais tarde ou mais cedo - aquilo que nós chamamos Vida, sem saber bem o que dizemos - vai acabar.

Os homens são uns parvos. Não se conseguem entregar por completo ao amor. Têm sempre o trabalho ou outra desculpa do género. Preocupam-se com o que não estão a fazer. Para eles o amor pode ser um inimigo. Um inimigo há muito derrotado, mas do qual ainda têm medo.
As mulheres são diferentes. Para elas o amor nunca é demais, não atrapalha. É que não conseguem viver com uma alma só para elas. Por isso, entre um homem e uma mulher, há muitas vezes só uma coisa parecida com o amor. Entre duas mulheres, pode acontecer o amor inteiro. Basta ver duas mulheres olharem-se nos olhos.

Tiro fotografias várias à minha amada deitada sobre a relva, mas não gosto de ser fotografado.
Entre um homem e uma mulher poucos são os sentimentos recíprocos.

O sexo é um antídoto para esquecer isso, que às vezes resulta. Eu digo-lhe com o ar mais sensato que tenho:
"A vida são muitas coisas. O amor é só uma entre muitas".
E ela responde de seguida:
“A vida pode mudar muito mais do que se espera. O amor é o que está acima de tudo. Tudo altera. Nos teus braços morreria".
... e eu fico envergonhado.

Meu amor, à pressa de chegar a alvorada, ser a água a correr. Os animais espremessem e dormem, mas eu não mais terei sono e vou despir-te tão lentamente como se tece o tecido de uma estação. Os dedos a arder, na doçura negra dos teus cabelos, e à volta tudo se ergue e respira.

Porque tudo na vida pode ser um filme, tudo na vida pode ser Como no Cinema

2 comentários:

Zé dos Anzóis disse...

Há gajos e gajos...
Beijo
Za

Leticia Gabian disse...

Se tudo na vida pode ser como no cinema, cada um de nós é o protagonista e co-autor das nossas próprias histórias.

Beijo grande no teu coração, querida