ÚNICO ... e saímos todos do Coliseu extasiados com a justíssima homenagem feita pelo PCP a Ary dos Santos ... :)
que se origina a si mesmo
que numa sílaba é seta
noutra pasmo ou cataclismo
o que se atira ao poema
como se fosse ao abismo
e faz um filho às palavras
na cama do romantismo.
Original é o poeta
capaz de escrever em sismo.
Original é o poeta
de origem clara e comum
que sendo de toda a parte
não é de lugar algum.
O que gera a própria arte
na força de ser só um
por todos a quem a sorte
faz devorar em jejum.
Original é o poeta
que de todos for só um.
Original é o poeta
expulso do paraíso
por saber compreender
o que é o choro e o riso;
aquele que desce à rua
bebe copos quebra nozes
e ferra em quem tem juízo
versos brancos e ferozes.
Original é o poeta
que é gato de sete vozes.
Original é o poeta
que chega ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.
Esse que despe a poesia
como se fosse mulher
e nela emprenha a alegria
de ser um homem qualquer.
Ary dos Santos, in 'Resumo'
2 comentários:
Não poderia ser de outra maneira, Carol.
Um dia conto-te a estória (ou já será História) de alguns dos poemas do Ary.
Ary o homem, o comunista, o amigo, o poeta da Revolução de Abril.
Nas mãos dele as palavras brotavam como nos nascem lágrimas de emoção....
Beijoca
Maria,
É por estas e tantas outras coisas que gosto tanto de ti ... guardas tanto, mas tanto em ti ... tanto que nem em palavras consigo expressar ...
Quando quiseres partilhar comigo todas a estórias ou histórias, estarei aqui para as ouvir ...
Um beijo carinhoso e um abraço muito apertado,
Carol
Maria ... obrigada :)... por estares sempre aí
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