terça-feira, 17 de junho de 2008

Elogio ao Amor

Ao ler o post do Charraz com um texto do MEC relembrei-me de outros textos ... escrita acutilante, mesmo tipica dele, tao independente .... ;)

Elogio ao Amor

“Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.

O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.

Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.

O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.

O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."

Miguel Esteves Cardoso

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Novo pontapé na bola ....

Allô, meninos !!

Depois da fantástica noite de ontem no Restaurante Baía no Seixal, surgiram-me várias ideias para um novo post.

Como foram tantas as peripécias e aventuras até chegar – e depois para regressar também !! – vou fazer apenas um breve resumo:

Casa de partida: Área de serviço de Alcochete – onde o ´Zé Manel encontrou o que poderia ser uma nova alternativa ao seu já famoso cajón mas de dimensões maiores …. ehehe

Saímos em comitiva de 3 carros, mas nós que seguíamos no C3, tipo “carro-vassoura” que algo não deveria estar bem no trajecto escolhido …

Quem nos manda a nós, excelsa comitiva composta por Zé Manel, Fatinha, Lua, Patrícia e moi même confiar na “Helga estúpida” (vulgo GPS) que habita no luxuoso bólide do Zá ?.

Senhores, para saberem ficámos a conhecer todas as terreolas e arredores depois da ponte Vasco da Gama !! Foi quase um “Cabo das Tormentas”, com entrada em ruas sem saída e nada de vislumbrar a baía do Seixal nem tampouco uma plaquinha indicativa. Mas chegámos a bom porto. De algum modo as bússolas foram orientadas levando-nos ao destino.

Mas aparte este começo, a noite foi um verdadeiro divertimento. Como aliás já vem sendo hábito sempre que este grupo se junta, onde a nota dominante é alegria e boa disposição. Boa companhia, música a la carte, comida saborosa num ambiente mais acolhedor, mas muito simpático. A repetir seguramente e a recomendar o local ;)

Risadas e risotas que acredito quase tenham “assustado” os restantes clientes da casa, num crescendo de piadas em sintonia muitas vezes desconcertante …. ;) Entre carpas e mamonas … ui, ui ….

A noite terminou em beleza. Com as vozes já habituais dos Ass a Fora Inc a juntarem-se à do Charraz, momentos acompanhados e registados pelas “lentes” perspicazes do Dionísio Leitão e Fernanda.


Voltámos para casa mais bem dispostos, contentes, apesar do adiantado da hora ... uns para umas escassas horas de sono antes de novo dia de trabalho e outros para se dedicarem à bela da pescaria ;)


A agenda já começa a estar repleta - e ainda bem !! de novos encontros …. O próximo é já amanhã …

Até lá, beijocas grandes …. J