quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Estar de férias ...

... algo tao bom ... para organizar ideias, para dar descanso ao corpo, para ocupar a mente e as maos com outras tarefas que a rotina maluca do dia-a-dia faz adiar ... para relembrar e viver outras vivências !!

Por estes dias, em que literalmente tenho andado ao sabor de alguns pequenos prazeres, fui colocando a leitura em dia ... devo dizer-vos que já li e reli quase de seguida 6 livros ... sim, esses mesmos !! Algo que adoro, que consumo sempre que posso (este hábito acompanha-me desde que sei juntar as letras ... e perceber o significado delas ;)) e que tento manter-me sempre fiel, mesmo quando o meu dia-a-dia teima em reter a minha atençao em outros assuntos.

Um dos autores que já reli por estes dias foi Pedro Paixao. Gosto da escrita dele ... como analisa e esmiuça, como perspectiva as realidades ...

Hoje partilho com vocês alguns excertos do livro dele "Muito, Meu Amor" (1996):

"Quando é que isto vai acabar?
Isto, o quê?
Isto.
O amor?
Sim, pode ser, o nosso amor. Quando vai acabar o nosso amor?

Vai acabar quando não estivermos à espera que acabe, sem mesmo se fazer notar. Só depois, mais tarde, quando se tenta recordar e se começa a perguntar: como foi que aconteceu? e não se consegue voltar lá, só então se sabe que acabou o nosso amor. Vai acabar sem que saibamos. Só depois, quando já irreparável, é que ficamos a saber que há muito tempo, demasiado tempo, acabou o tempo do nosso amor, uma coisa passada.

E como é que vai acabar, diz-me se fazes favor. E porquê?

"(...) Não vale a pena pensares nisso. Nem no fim, nem no princípio. Não vale a pena sequer pensar no princípio nem no fim. Não existem sequer. O amor não tem tempo, vive sem nós. Nós é que vivemos no amor durante um tempo, num movimento do amor. Mas o amor, esse vai continuar, não tem maneira de acabar.

Sim, mas diz-me tudo, eu quero saber tudo, diz-me.

Se desesperas de um amor, procura outro. O amor tem mais caras do que todas as cores juntas, e há muitas coisas dignas de amar. E se deixas de acreditar no amor entre os humanos, nessa tristeza maior, procura o que é mais do que o humano para que possas, através dele, voltar a amar-nos, os abandonados. Mas tem cuidado em separar o que merece e o que nao merece o teu amor, ou pelo menos tenta separar, se bem que tudo, mas mesmo tudo, precise urgentemente de amor. Para nao te desperdiçares nao dês o teu amor a quem to tira. (...)

Estamos tão pobres de amor, meu amor. Sente-se tanto, nota-se tanto essa pobreza, esta falta, nunca tanto foi assim tanto, podes crer, meu amor.
É nesta falta, tão pobres dele, que ele cresce, tem de crescer ainda mais, acredita, meu amor.

E do que eu gosto mais em ti é dos teus defeitos, dos teus pecados, da tua mentira que odeias. Para se gostar mesmo, como eu gosto de ti, é preciso dar atenção ao de que não se gosta nada das outras vezes, mesmo nada, isso é que é gostar como eu gosto de ti, é isso, só isso, que me faz gostar de ti. As tuas qualidades dao-me tédio, já to disse mas repito, os teus feitos são mortais, mas os pecados, esses são só teus. E meus, se tu quiseres. E nao quero que te corrijas, comigo, pelo menos, nao quero. Mesmo que se torne dificil, insuportável, impossível de viver, tudo menos isso, até morrer. (...)

Para que queres tu que os meus lábios sejam só teus?
Porque só eles sao iguais aos teus.

E para que serve o amor, diz-me já.
Serve para perder o medo."

Vivam ... nao deixem que acabe ... mantenham-se atentos, vigilantes ... saboreiem bem o que vos rodeia ... nao questionem demasiado ... nao se percam em divagaçoes desnecessárias ... porque mesmo depois de alguns desvios de percurso, a vida acaba sempre por encontrar de novo o seu trilho ... de forma natural ...

Uma beijoca carinhosa :)

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